Postagem original, em 24.10.2011
O Moinho e o Vento – A Esperança do Recomeço
Em algum ponto do universo existe um pequeno planeta, onde há muito tempo atrás se vivia em harmonia. Não existia forma de governo como conhecemos, as questões que surgiam eram “vistas” por um conselho que deliberava dentro do consenso e observação de um todo. Tudo dentro de uma consciência de unidade. Polícia e segurança, também não cabiam, pois, a consciência atuava no TODO, não individualmente. As tarefas eram realizadas em cooperação. Assim, plantavam flores... entalhavam madeira... tocavam música... brincavam... enfim, viviam em função da sua lei máxima, que era da Paz e Harmonia e respeito a toda forma de vida na natureza, onde a educação era efetuada por todos e para todos, com cada um “dando” e passando aquilo que tinha dentro de si (sempre que surgia alguma descoberta, esta era partilhada entre todos)... E toda a energia que necessitavam provinha de um único moinho de vento.
Até que o planeta em que os habitantes acreditavam que todos os seres detinham o direito de ser feliz e compartilhar idéias, começou a receber a visita de “aventureiros” , de todos os cantos do universo, que buscavam tentar compreender e aprender a viver como o povo dali... De inicio, vieram poucos, que foram recebidos com prazer e igualdade.
Passaram-se os anos e os “aventureiros” chegavam cada vez mais e todos foram bem acolhidos. Só que o planeta movido pelo moinho, foi perdendo suas características, pois, aqueles que chegaram a principio para aprender, foram aos poucos, impondo suas tecnologias e padrões de conforto... Até que já governado pelos “aventureiros”, instalou-se uma redoma de vidro ao redor do pequeno planeta, a fim de evitar a entrada de novos aventureiros (parece estranho e até ser um contra-senso isto: os próprios “aventureiros” procurassem evitar que outros aventureiros para lá fossem, mas há coisas que por mais que tentemos entender, não conseguimos, pois fogem a nossa compreensão, já que não podemos “entrar” e “pensar” pelo outro).
Com isto, o moinho deixou de ter utilidade e o conselho foi meio esquecido, em virtude das “novidades” que se apresentavam... Através das técnicas dos “aventureiros”, foram sendo criadas formas de energia artificiais, que para serem geradas, necessitavam do trabalho dos antigos habitantes do planeta.
E assim, a felicidade e o encanto, foram se afastando do pequeno planeta. As flores não mais cresciam, pois, ninguém cuidava mais delas. Não se tinha tempo para cantar ou dançar pelas ruas, já então calçadas e urbanizadas por aqueles que foram atraídos pela paz e harmonia, enfim, todo o trabalho manual que respeitava e era feito em comunhão com a natureza, já não mais era realizado... E estranhamente, tudo se dava de forma meio passiva, sem reação por parte dos habitantes do planetinha da harmonia e paz... Parecia que eles estavam sob efeito de alguma substância...
- Onde teriam eles deixados seus princípios e valores?...
- Como podiam aqueles que tanto haviam encantado e ensinado a outros povos, estarem agora nesta situação?
Estas eram perguntas que alguns poucos, que haviam crescido, aprendido e admiravam aquele povo, estavam se fazendo...
O tempo passava e os antigos habitantes do planetinha, cada vez mais absorvidos pelas novas tarefas, foram se sentindo “distantes” de sua essência e impotentes para reverter a situação, embora, cumprissem com eficiência suas atuais obrigações, quase que como robôs... e assim, a tristeza passou a reinar no lugar do viver... Olhava-se ao redor e não via-se ou sentia-se mais a harmonia. Tudo se desenvolvia de forma fria, vazia e até sombria... O sentido de realização nas coisas, havia se esvaído... Até que, sem mais forças, deixaram de cumprir suas obrigações.
O pequeno planeta, então sem ter como gerar energia, começou a viver um tremendo caos e os “aventureiros” (que tinham seus interesses) começaram a se retirar... Mas não da mesma forma que tinham vindo, pois além de toda a urbanização e tecnologia, ainda deixaram a redoma de vidro a envolver o pequeno planeta e a falta de perspectiva a atormentar os habitantes.
Mas o “acaso” resolveu agir e a pequena porta na redoma, por onde os “aventureiros” se retiraram, ficou aberta, deixando uma constante brisa, suave e fresca, soprar... isto foi o suficiente para fazer o esquecido moinho começar a girar, trazendo de volta a esperança e relembrando aos antigos habitantes do planetinha, que a vida podia se dar, também de outra forma, a “velha” forma que eles antes tanto entendiam: do AMOR, RESPEITO, HARMONIA e UNIÃO.
E aqueles que haviam se deslumbrado com as “novidades”, lembraram-se do “velho conselho”, que antes tudo deliberava e foram, arrependidos, ao encontro dos poucos anciões que ainda viviam, pedindo-lhes que ajudassem na restauração do planetinha e de sua forma de vida.
Ainda hoje, os habitantes estão às voltas para se livrar da redoma de vidro e dos equipamentos, que agora já não funcionam e foram “deixados” pelos “aventureiros”, mas não deixam de efetuar reverências diárias de agradecimento a brisa fresca e suave, que lhes mostrou que a vida provinha essencialmente, da velha e boa natureza.
ArqueiroHur