Postagem original aqui, em 09.07.2014
A crença impede a verdadeira compreensão
Se não tivéssemos crença, o que nos aconteceria?
Não teríamos muito medo do que pudesse acontecer?
Se não tivéssemos nenhum padrão de ação,
baseado em uma ideia
– de Deus, ou de comunismo, ou de socialismo, ou de imperialismo,
ou em algum tipo de fórmula religiosa,
algum dogma em que estivéssemos condicionados –
nos sentiríamos completamente perdidos, não é?
E a aceitação de uma crença não é o esconderijo desse medo
– o medo de, realmente, nada ser, de estar vazio?
Afinal, uma xícara só é útil quando está vazia;
e uma mente que está cheia de crenças, dogmas,
afirmações, citações,
é, realmente, uma mente não criativa;
ela é apenas uma mente repetitiva.
Para fugir desse medo
– esse medo do vazio, esse medo da solidão, da estagnação,
de não conseguir, não ter sucesso, não chegar, não ser alguma coisa,
não se tornar alguma coisa –
é certamente uma das razões por que aceitamos crenças tão ávida e
sofregamente?
E, através da crença, compreendemos a nós mesmos?
Ao contrário.
Uma crença, religiosa ou política, obviamente impede a compreensão de
nós mesmos.
Ela atua como uma tela através da qual nos olhamos.
E podemos nos olhar sem crenças?
Se removemos tais crenças, as muitas crenças que a pessoa tem,
há alguma coisa mais para olhar?
Se não temos crenças com as quais a mente se identifica,
então a mente, sem identificação, é capaz de olhar para si mesma como
ela é;
e então, certamente há o início da compreensão de si mesmo.
-J. Krishnamurti, The Book of Life-
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