Postagem original, em 09.01.2016
Os caminhos da fuga II: a ocupação pelo ‘trabalho’ ou
prazeres sociais.
O que é realizado por você, no seu dia após dia,
para que ‘não se fique
sozinho’,
tendo assim que conviver consigo mesmo?...
Pode parecer estranho, mas não são poucos os que não
conseguem ‘ficar parados’ ou sem ter alguma companhia.
Não falo nem em não conseguir
ficar ‘com a mente em silêncio’,
mas simplesmente em ficar sossegado, sem
nenhuma atividade física, sem ter de falar ou escutar, de ‘ver algo ou ser visto’,
sem ter de estar ‘prestando atenção em alguma coisa’ ou na companhia de outros.
Tudo o que nos cerca nos encaminha para a fuga,
pois nos
ocupa, entretêm..., nos atrai e vicia.
Nos controla sem que nos demos conta.
Mas o pior, é que parece que gostamos disto, de sermos
seviciados, ‘guiados’, pois quando cansamos de um vício, pulamos para outro:
- saímos de uma novela para outra ou para um seriado,
- de um bar ou 'balada' para um outro,
- de um relacionamento ou "amor" para outro,
- de um tipo de roupa/cabelo para outro,
- de uma religião para outra,
- de uma 'caridade' para outra
e por aí seguimos..., de uma ocupação para outra;
em um ping-pong ocupacional.
Sem nos darmos conta de que continuamos fugindo,
sem termos o 'atrevimento' de nos
olharmos.
Tal circunstância, da fuga pelo entretenimento, não ocorre em alguma ‘classe social’ ou
se dê por ‘faixa etária’, não!
Hoje, o que mais podemos constatar são crianças entregues aos
seus ‘joguinhos eletrônicos’, jovens e adultos fixados no computador ou nas ‘redes
sociais’, enfim..., todos 'fechados em seus afazeres', sem perceberem a si mesmo ou ao redor.
Todos considerando as suas atividades como sendo a ‘razão
da sua vida/existência’, dedicando-se em "locupletar-se", sem a percepção de que se tornaram insaciáveis...
... Outro dia, um ‘trabalhador braçal’ comentou que ao se encontrar
sozinho durante umas poucas horas, por sua família ter ido na casa de parentes para uma visita,
não suportou "ficar parado, sem fazer nada", a "solidão"; e mesmo sendo no final da tarde, já escurecendo, pegou sua máquina
e foi 'roçar o campo'...
Este é somente um exemplo do que se dá diariamente com a
grande maioria de nós, humanos; onde nos entregamos a qualquer atividade para
não termos de nos ‘confrontar/rever’.
Cabe a você, agora, a percepção do ‘ao que você se entrega’, do
que se tornou dependente e o permitir-se olhar par si mesmo,
pois, apenas ‘reconhecer
o vício’, sem o entendimento da fuga de si, recusando a 'se ouvir/ver', pode levar a somente trocar de
vício, o famoso ‘seis por meia dúzia’, indo de uma ocupação para outra.
É necessário ter o entendimento de que
toda atividade deve ser um meio e não o fim.
Exemplo: é necessário que se lave a louça, mas, esta atividade não pode ser encarada como a essencial e prioritária, fazendo com que nem mesmo se consiga apreciar a refeição em virtude de 'ter de se lavar a louça'.
Todo trabalho deve cumprir a um objetivo/propósito,
e não ser ele, trabalho, a razão das ações.
Sem que eu tenha a noção/entendimento da minha existência aqui, que é evoluir, em primeira instância, ou negando a isto,
as tarefas que realizo, sejam elas quais forem, como as "festividades", tornam-se o instrumento para que eu não me reconheça ou me mantenha negando-me.
ArqueiroHur