Postagem original, em 05.01.2012
O Balãozinho
Era um Balãozinho daqueles que a gente vê em parque de diversão e feiras, de material que amassa, mas não rasga - acho até que é importado, com uns desenhos muito bonitos, que brilham a qualquer hora do dia ou da noite... Ele se achava, por tudo isto, um pouco superior aos de borracha, que estouravam à toa, e queria um destino melhor para si.
Sonhava o Balãozinho em viver numa casa bem bacana, onde teria a companhia de brinquedos bem legais e do nível dele.
Quis o destino, que ele tivesse essa sorte e ele foi dado a uma menininha que morava numa casa bem grande, do tamanho de um quarteirão, com um belo jardim, piscina e tudo o mais.
Quando a menininha viu o Balãozinho, ficou encantada e ambos se sentiram felizes.
Mas sabe como é, né?! A menininha tinha de tudo: vídeo-game, computador, bicicleta, enfim, tudo de bom e do melhor!... E num curto tempo, o encanto da novidade se desfez, levando a atenção da menininha para suas outras coisas e fazendo-a deixar o Balãozinho "meio" amarrado num galho do jardim; onde, logo-logo, o vento se encarregou de soltar.
Assim o Balãozinho começou a subir e subir, levado pelo vento e percebendo que se afastava do seu grande sonho, pediu ao vento que o deixasse cair numa casa parecida com aquela... O vento, vendo a tristeza do Balãozinho, resolveu atender ao pedido e o levou para uma casa bem bonita e grande, onde moravam um casal de irmãos.
As crianças, quando viram aquele lindo Balãozinho caindo do céu, ficaram numa excitação tremenda e apostaram uma enorme corrida pelo enorme quintal da casa, para ver quem o pegaria... O menino, que era maior e mais velho, levou vantagem e pegou o Balãozinho, mas como ele gostava muito da irmã, ficaram os dois a brincar com o lindo presente que veio do céu.
Nosso Balãozinho estava muito feliz com tudo o que via e com as brincadeiras dos irmãos. Só que passada uma meia hora, de brincadeiras e felicidade, a moça que cuidava das crianças (sim! as crianças tinham até uma empregada só para elas) as chamou para lanchar.
As crianças estavam com tanta fome e sede, após tanta correria e brincadeiras, que saíram em disparada e sem que percebessem deixaram, de novo, o lindo Balãozinho entregue ao vento e a subir, subir...
Nosso amigo Balãozinho, que via seu grande desejo e felicidade se afastar pela segunda vez, em profunda tristeza, se perguntou o que havia feito para ter tal destino.
E não achando resposta, ficou a praguejar contra o vento e tudo o mais... Sem poder evitar, foi ganhando altura, se distanciando do seu grande sonho... Só que também, talvez pela sua revolta, foi perdendo o gás que lhe mantinha a flutuar, e assim, foi cair numa área bem pobre da cidade, num terreno abandonado e cheio de mato, totalmente murcho, lá ficando por um bom tempo, sujo e amassado pela ação do sol e da chuva...
Até que um menino, morador da vizinhança, ao andar por ali, se deparou com aquele material diferente, que mantinha ainda um certo brilho mesmo sob aquela condição; apesar de sujo e amassado, o menino que só brincava com pedaços de coisas achadas (pau, papelão e etc.), pensou em fazer daquele material estranho que ele jamais vira ou tocara, uma bola. Sim! o menino iria realizar seu grande sonho e desejo: possuir uma bola!...
Levando nosso Balãozinho para casa, o menino lavou-o bem e o encheu de papel e pano velho... Depois pediu para a mãe dar um jeito de fechar (costurando) e ele poder ter enfim, uma bola para brincar.
O resultado ficou acima da expectativa do menino, pois, sua mãe fez o melhor que podia, com todo o carinho e cuidado...
E a partir dali, daquele momento mágico (o encontro “ao acaso”, no terreno baldio), a bola tornou-se a fiel e inseparável companheira do menino que nada mais possuía, além da sua vontade de ser feliz com o que a vida lhe ofertava... E “ela” agora só ficava sozinha, quando ele ia para a escola, já que até para dormir, “ela” (nosso velho e conhecido Balãozinho) merecia o seu descanso ao lado menino e de seu travesseiro.