Postagem original, em 18.01.2014
Os disfarces II
– comedimento
Se tudo possui uma
vibração
(pensamento, palavra, atitude, ação...)
e a vibração da LUZ
se sintoniza através da consciência:
quando o que se
pratica não resulta em atitudes
de consciência
perenes, que fluem no dia a
dia;
ao que estas
práticas se vinculam, ao que “servem”
e em qual frequência
atuam?...
Hoje, no mundo globalizado da informação,
o que não faltam são técnicas, práticas, “meios”
e “soluções externas” que nos prometem a "salvação/luz"
e resultam num “comedimento aparente”
(exposto por uma conduta medida,
por uma “fala serena” e envolvente,
por posturas/gestuais ensaiadas e repetidas exaustivamente).
Que atraem a muitos por não exigirem a responsabilidade sobre os passos, pensamentos e ações,
por não terem a necessidade da revisão ou da consciência.
Requerendo apenas a “doação de um tempinho”
para a realização/repetição da prática/técnica
e ou de uma “troca financeira” para o sucesso da empreitada.
Ou seja, relativamente tudo já está feito,
pois a lavagem cerebral/manipulação
assim já determinou/sacramentou.
Mantendo o mental e
o emocional sob controle,
tornando-os “cordeiros”, comedidos;
sem reagirem diante das situações
e como se já fossem/estivessem prontos e equilibrados,
sem terem nada mais a aprender, rever ou limpar.
"...
Estamos na Sociedade meramente para indulgir*
em
alguma atividade exterior que é
momentaneamente satisfatória?
É fácil
demais satisfazer-nos com a atividade,
com o
trabalho em algum departamento,
com o
escrever, comparecer a reuniões e assim por diante.
Mas tal
atividade não é suficiente para tornar alguém
um Teósofo**.
A pergunta
crucial é:
em meio a
toda minha atividade, onde estou centrado?;
qual é minha
condição interior enquanto atuo, falo, penso?
Afinal, há
uma vida interna
ou minha
atividade é iniciada e dirigida
desde a
camada superficial de meu cérebro?
Para
tornar-se cônscio do ímpeto interior,
dar a si
mesmo à verdade,
é necessário
fazer uma pausa em meio às atividades,
não uma mas
muitas vezes.
Depois que a
atividade exterior termina,
a pequena
tagarelice do cérebro continua.
Deve-se ir
além disso também, até a natureza interior.
Se se falhar
aqui,
não se é
realmente capaz de fazer o trabalho Teosófico***
do ponto de
vista daquelas grandes forças
que dirigem o
destino do homem rumo ao Bem...
... A fim de encontrar
o centro interior,
de chegar um
pouco mais perto da Realidade,
é necessário
afastar-se das preocupações diárias.
Muitas
pessoas sentem-se renovadas numa convenção ou conferência porque elas por um
tempo,
puseram de
lado suas pequenas tarefas, deveres
e
responsabilidades diárias;
foram capazes
de pôr “eles mesmos” de lado...
...Tal
distanciamento de nós mesmos no tempo e no espaço
é necessário
para alcançarmos o coração e o centro interior,
para
descobrirmos como agir
e o que é que
realmente queremos fazer.
Um tal
não-envolvimento não é apático ou insensível,
mas um desapego
necessário;
sem ele, não
podemos ver nosso caminho ou agir retamente.
Se olhamos a
vida com este “senso de distância”,
podemos ver
muito mais do quadro total...
... Nós todos
sabemos que a sabedoria é diferente do conhecimento
e dos
processos do pensamento.
O pensamento
pode influenciar o que fazemos numa ocasião particular,
mas a
sabedoria produz uma transformação radical em nossa vida inteira.
Ela nos traz
a uma profundidade onde não há mudança.
E se agimos a
partir dessa profundidade, tudo é correto.
Portanto, num
certo sentido, a reta ação não tem nada a ver com circunstâncias.
Quando
calculamos os prós e os contras e pesamos suas possíveis consequências,
a ação que
podemos tomar pode ser errada ou pode ser correta.
A ação
infalível surge somente da profundeza em nós mesmos
onde a
verdade pode ser descoberta...
...Nós tentamos
compreender o homem e o universo
através de
nossos estudos, investigação
e através da
discussão com mente aberta,
não nos
agarrando com muita certeza ao nosso conhecimento,
sempre
compreendendo nossas limitações.
Mas é
imensamente mais importante viver retamente****
e com isso
trazer alguma coisa para o mundo,
o que não
podemos fazer através de nenhum tipo de ensinamento verbal, através da mera
propagação de conceitos.
Se cada um de
nós é um estudante da sabedoria
que está a
cada dia tentando transformar sua vida
através de
uma maior compreensão,
suas palavras
terão em si o brilho da sabedoria."
- Radha Burnier (The Theosophist, Outubro, 1984)-
Notas do Arqueiro:
*indulgir possui o sentido de: “se dar ao luxo”, da condescendência,
da complacência.
**entender
o “teósofo” como aquele que busca a Si, ao SER, a Evoluir e ao TODO;
aceitando e respeitando as Leis da
Criação.
***“trabalho
teosófico” = caminho do rever-se/SER
****“viver retamente” é o atuar com consciência, pelo
SENTIR e em comunhão com o TODO.
O que pode suplantar a consciência?...
Alguma técnica ou prática pode substituir a
consciência?...
Pode existir comedimento sem equilíbrio?
E o equilíbrio, existe sem consciência?...
Nada pode substituir ou suplantar a consciência.
É da consciência que brota o equilíbrio,
fruto da compreensão e aceitação das Leis da Criação
e do processo em que nos encontramos aqui, encarnados.
E sem Ela, consciência, o que temos é a ilusão.
Cabe a cada um perceber as incoerências e contradições
nos seus atos e naquilo que lhe é apresentado,
desvendando ou não os disfarces,
reconhecendo/SENTINDO a vibração que vigora
e se sintonizar ou não;
definindo o rumo do seu caminhar.
ArqueiroHur