Postagem original, em 23.11.2014
Aprendi ou me ensinaram?
A nossa primeira resposta, a imediata/já “pronta” ou
programada,
é a de que esta pergunta é indevida, incoerente, pois ‘uma coisa
está dentro da outra’, o ‘aprender está interligado ao ensino’, não é?!
Porém, o “me ensinaram” significa que houve alguém com
este propósito, que se esmerou para isto:
ensinar aquilo que
conhece, que considera “certo e verdadeiro”,
que deve ser
seguido.
E mais, o fato de terem “me ensinado” não leva necessariamente
à que “eu tenha aprendido”, pois a efetuação de, como exemplo, palavras,
rituais, hábitos e etc., podem apenas ser a prática
da repetição, quer seja pelo temor, pela obrigação, pela barganha ou
interesse, sem que se possua a menor compreensão sobre tais atos...
Quando aprendo, é porque houve o entendimento, a
percepção dos envolvimentos/energia, o SENTIR sobre a questão.
SENTIR que é variável e renova o aprendizado em cada
momento e situação. E não estático como o que “é ensinado” e transmitido de
geração em geração.
Me ensinaram, pelo
exemplo, comportamento e mesmo “apoio”/sustentação, que poderia ficar de pé.
Mas quem, diante
disto, aprendeu a andar e a “ousar” a correr e a dar a direção dos passos, fui
eu.
E é assim com tudo o mais nesta jornada que chamamos
vida.
Os exemplos estão (são fornecidos pelos mais diversos
seres, pela natureza) em cada momento/situação
e quem deles faz o aprendizado sou eu, se assim eu me
dispuser.
Pois vejam:
Me ensinaram a “rezar”, seus ritos... E o que
aprendi?...
Tornei-me foi um “analfabeto funcional”* no
tocante ao me reconhecer/evoluir/TODO,
pelo ensinamento fornecido.
Poderia discorrer sobre tantos exemplos aqui, mas... Não!
... Me ensinaram “tantas coisas” (regras, conceitos,
“verdades” e etc.) e me bloquearam o aprender, fizeram-me crer 'ser incapaz', tornando-me dependente, "desigual"/inferior...
E é por isto que nos dizem (alguns mestres e seres de
Luz) que:
é necessário
“desaprender o que nos ensinaram”, romper com o que se “pensa saber”, para que
possamos realmente aprender.
Recaindo sobre cada um de nós, internamente, esta escolha
entre o aprender constante e ou ficar
com o que me ensinaram;
entre o rever e
crescer ou manter-se como analfabeto
funcional.
ArqueiroHur
* analfabeto funcional é aquele que embora
reconheça os símbolos (letras e números), não consegue compreender o
conteúdo/sentido de um texto, interpretá-lo, tendo também, dificuldade em
efetuar operações numéricas.
E no “nosso assunto”, falamos em energia,
espírito, alma, eternidade e etc., enquanto além de cuidarmos somente do “nosso
interesse momentâneo”, também ignoramos ou descuidamos, na prática, no dia a
dia, de todos estes aspectos citados.
Ou seja, embora tenhamos conhecimento dos
“termos”, não temos o menor entendimento de como funcionam.
O ensinamento
e o aprendizado
Quando
me ensinam/ensinaram ou pretendem/pretenderam me ensinar algo,
fazem-no/fizeram-no
sempre com um objetivo, uma intenção (admitidas ou não),
que
nunca está em consonância com meu Ser,
pois
visa anulá-lo, alterar sua essência...
O
ato do ensino é exterior e incide sobre mim,
acomodando-me,
aliciando-me, controlando-me
(através dos conceitos, do repetir, dos padrões, do "certo e do errado").
O
aprendizado, ao contrário, é um movimento interior,
pelo qual me transformo e
transporto para além do "mundo dos comportamentos e atitudes
esperados".
Depende
de mim, nunca de outrem.
Por
ele crio condição para "pertencer-me" e ao Todo,
para
reconhecer-me e ao Todo, para caminhar e modificar padrões, rever, crescer.
Por
mais que vinculem o aprender ao ensinar, esse vínculo jamais vai se dar. Há
sempre um movimento no aprender que independe do ensinar.
Se
ensinam eu introjeto, assimilo, memorizo,
guardo, repito.
É no
âmbito do ensino que nos manteremos/permaneceremos como "analfabetos
funcionais", como autômatos, repetidores,
sem
o entendimento do significado e objetivo do que somos levados a praticar.
No
âmbito do aprender, o movimento interior depende, como já foi dito, de minha
percepção e entendimento, fato que o faz ser autônomo, apartado do ensinado, pois posso, por este ensino, perceber o "como não atuar" (seus enganos e ou incoerências), ou seja, ir no sentido oposto ao proposto por ele.
Mas,
se procuramos/procurarmos entender o “ensinar e o aprender” dentro dos
conceitos que nos são fornecidos,
obviamente
que a desvinculação desses dois parecerá absurda, inconcebível, portanto.
Ninguém
pode aprender por mim.
Ninguém
pode caminhar por mim.
Ninguém
pode SER por mim...
Logo,
pretender ensinar (algo, a caminhar, a Ser),
não
resulta em aprender.
É e
será meramente incutir...
Usee
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